Estádio Nacional, Lisboa

Um jogo em que o uso de armas é proibido (desde que não seja acordado antes), o Soule vem se espalhando pelo mundo desde que surgiu na Normandia há uns anos. Mas, diferente de outras partes da Europa, onde multidões preenchem as arenas, em Portugal essa prática é, ainda, apenas uma fagulha. A Real Federação de Soule de Portugal enfrenta as dificuldades para manter as equipes portuguesas formadas com paixão e vem levando suas equipes para competições internacionais e tentando manter-se em pé em casa.

Criada em 24 de Maio de 1459, por um decreto do Rei Mac de Monforte, a Real Federação Portuguesa de Soule (RFPS) conta hoje com quatro equipes oficiais – Arminhos de Alcácer, Pinheiros de Leiria, Vingadores de Avis e Soule de Santarém - tendo a Condessa de Ourém, dama Ana Catarina de Monforte como presidente e sua sede nas terras da Condessa.

“No início” – explica a condessa – “depois da criação da rfps nós fizemos uma palestra junto à população, a tentar explicar o que é o Soule, a partir daí a rfps foi-se formando com a ajuda de voluntários, criaram-se as primeiras equipas, traduziram-se guias e aprovou-se o regulamento do campeonato nacional”. Continuando com uma certa tristeza na voz, a Dama diz que “com o tempo as pessoas foram-se alheando do Soule e as equipas acabaram por se desintegrar (...) e hoje só sobraram as equipas de Alcácer e Leiria.”

O Soule não é um jogo difícil de entender: são onze jogadores para cada lado de um campo de 6 jardas e uma soule – feita com uma bexiga de porco cheia de palha. Cada equipe posiciona seus jogadores em campo nas 3 jardas que lhe cabem, a soule começa no meio e depois de definido, por sorteio ou acordo (ou quem sabe por quem tiver mais força), um dos times começa. O objetivo do jogo é levar a soule para depois da terceira jarda do adversário, mas muitas equipes, para além disso, aproveitam para massacrar seus oponentes e marcar alguns pontos extras na partida.



“O que me atrai é a estratégia que o jogo envolve, a diversidade de estratégias que podem ser usadas para ganhar... A emoção de ver uma estratégia ser vencedora”, nos conta Hijacker de Monforte, Conde de Paço d’Arcos, que é segundo capitão dos Arminhos de Alcacer do Sal. Para ele “não é difícil formar uma equipa é difícil mante la activa e participativa, por isso as vezes começamos com os 11 mas em jogo já so temos uns 4, em Portugal (...) poucos são os que se interessam realmente pela emoção e pelo divertimento de um simples jogo. ”

A esquadra Pinheiros de Leiria essa semana estreia na “La Soule Royale”, uma entidade francesa que reúne equipes de soule do mundo todo. O Torneio de Inverno está em sua segunda edição e reúne oito equipes em jogos eliminatórios de ida e volta. A equipe de Leiria é a única portuguesa na competição e conta com Hijacker e Amber de Camões em suas linhas.

É a primeira participação da equipe em uma competição internacional e a co-capitã, Amber de Camões Monjardim, Condessa de Cantanhede, diz que sente-se “desafiada. Até agora só disputamos com equipes conhecidas em nosso território. E apesar de serem excelentes equipes (...), são aquilo a que já estamos acostumados. Saímos todos da mesma "escola". Disputando em um torneio internacional temos a oportunidade de ir além daquele território "seguro" que é a nossa casa.(...) Me sinto desafiada e muito compelida a superar a nós mesmos e arrasarmos nesse torneio”.

Os Arminhos, a equipe de Alcácer, estão na lida há mais tempo e ocupam a 16º posição do ranking d’La Soule Royale. Em 1459 participou do Torneio de Verão em julho/agosto e da 7ª Copa da Soule Royale em setembro/novembro, ocupa a 16ª posição no ranking e tem 50% de aproveitamento das partidas.

O grande desafio da RFSP é fazer com que o Campeonato Nacional aconteça, para isso é preciso que as povoações portuguesas abracem a ideia e formem suas equipes oficiais. Regras e formulários são encontrados na sede da Federação.

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