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02/12/1473 Quando a verborragia encontra a lâmina




Lisboa (KAP)

Durante mais de um mês, o nome de Malvino Montenegro ecoou diariamente na Praça Pública de Portugal. Com metáforas ácidas, insultos coloridos e um estilo que misturava crônica de guerra com sátira pesada, ele transformou o chamado “Cerco aos ratos” em uma verdadeira série narrativa — acompanhada, comentada e odiada em igual medida pelos leitores.

Na noite de 01 de dezembro de 1473, porém, o cenário mudou de tom. O soldado separatista, um dos mais estridentes porta-vozes do lado rebelde, foi gravemente ferido em combate nas imediações da cidade de Guarda, bastião fiel à Coroa cercado há semanas pelas forças coimbrãs e portuenses. As informações ainda são fragmentadas, mas convergem num ponto: o homem que passou dias ironizando “ratos”, “porquinhos” e “burrainhas” agora luta para sobreviver — e o “Cerco aos ratos” ganhou, pela primeira vez, um capítulo em que a verborragia foi substituída pelo silêncio de um leito.

Desde 24 de outubro, Malvino vinha publicando relatos quase diários do cerco a Guarda, descrevendo o inimigo com crueldade caricatural:

Malvino tem os ratos presos, eles não fogem. Já há alguns com as canelas esticadas.

No 8º dia de cerco, o espião volta a encontrar-se com Malvino…

A burrainha e o Kokinhas Joly vão ficar na história, sim senhor, mas não como heróis.

Entre porcos, ratos, sapos, “burrainhas” e “kokinhas”, Malvino construiu uma narrativa em que o adversário era sempre ridicularizado, diminuído, desumanizado. Ao mesmo tempo, projetava para si e seus aliados a imagem de sitiantes implacáveis, donos do ritmo da guerra e senhores da iniciativa. Não era apenas provocação política: era um esforço contínuo de moldar a percepção da guerra — de dentro da linha de frente, mas também de dentro de um personagem que ele próprio criou para si.

Agora, porém, o contraste é inevitável: o mesmo homem que escrevia sobre carne sangrando no prato, sobre o “cadafalso” preparado para o inimigo, e sobre o “tic tac” de um relógio que contaria o fim dos outros, encontra-se ele próprio à mercê do tempo, do aço e da sorte.

A cidade de Guarda tornou-se, ao longo das últimas semanas, um dos símbolos centrais da guerra entre separatistas e forças fiéis à Coroa. Militarmente, representa um ponto de resistência sólido no interior; politicamente, é palco de discursos inflamados de ambos os lados; simbolicamente, é o cenário perfeito para a construção de narrativas heroicas — ou trágicas. Foi ali que Malvino consolidou seu personagem: o sitiante que controla a situação, que escuta o “lamento dos animais enjaulados”, que transforma cada dia de cerco num capítulo de deboche dirigido a Lisboa, às forças legalistas e à própria Rainha.

Em um de seus relatos mais sombrios, ele escreveu:

A vitória é breve — murmura. E o silêncio dos mortos dura mais que o banquete dos vivos.

A frase, que na época tinha a intenção de ameaçar e intimidar o inimigo, ressoa agora com um peso diferente. A guerra, que para muitos parecia apenas um palco de bravatas e longos discursos, voltou a lembrar que é feita, antes de tudo, de corpos feridos, sangue derramado e vidas em risco — inclusive do lado que grita mais alto.

O caso de Malvino mostra com clareza o ponto onde a ficção retórica encontra o limite duro da realidade bélica. Ele:

- ridicularizou inimigos pelo medo, pela fome e pela clausura;
- zombou das decisões políticas e militares da Coroa;
- transformou o cerco num espetáculo de humilhação verbal.

Mas a guerra não lê praça pública, não negocia com ironia e não poupa personagens.

Seu ferimento grave — em meio ao mesmo cerco que ele transformou em crônica diária — é um lembrete incômodo para todos os lados: os protagonistas dos discursos podem, num instante, tornar-se pacientes anônimos num leito improvisado, ou apenas mais um nome na lista dos que “não voltaram”.

Se sobreviver, Malvino terá a oportunidade de reescrever o que entende por glória, coragem e vitória. Se não sobreviver, seu “Cerco aos ratos” ficará registrado como um longo monólogo de guerra interrompido pelo único editor que jamais erra o tempo: o próprio campo de batalha.

Até o momento da publicação desta reportagem, não há confirmação oficial sobre o estado clínico detalhado de Malvino Montenegro, apenas relatos confiáveis de que seu ferimento foi grave e que sua condição inspira bastante cuidado.

Enquanto isso:

- Guarda continua cercada;
- as forças separatistas seguem tentando converter discurso em avanço real;
- o Reino permanece dividido entre trincheiras físicas e trincheiras retóricas.

A KAP seguirá acompanhando o caso de Malvino e a situação militar em Guarda.
Porque, além dos slogans, dos insultos e das metáforas, o que está em jogo — de um lado e de outro — são pessoas de carne e osso, que descobrem, dia após dia, que a guerra cobra um preço muito mais alto do que qualquer “cerco aos ratos” pode sugerir.

Augusto Bibiano d'Avis, para a KAP de PORTUGAL.


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Cours

Product Price Variation
Loaf of bread 4.48 -0.67
Fruit 9.19 0.56
Bag of corn 2.89 -0.01
Bottle of milk 7.96 0
Fish 10.3 -1.55
Piece of meat 18.19 2.42
Bag of wheat 10.34 0.04
Bag of flour 11.23 0.38
Hundredweight of cow 22.29 1.84
Ton of stone 13.82 0
Half-hundredweight of pig 14.4 0
Ball of wool 7.31 -0.38
Hide 14.3 0
Coat N/A N/A
Vegetable 6.93 0.99
Wood bushel 3.94 -0.57
Small ladder 22.5 0
Large ladder 63.75 4.88
Oar 30 0
Hull 28.04 0
Shaft 8 1.25
Boat 82.5 0
Stone 14.39 1.08
Axe 143 -2.5
Ploughshare N/A N/A
Hoe N/A N/A
Ounce of iron ore 17.81 -0.08
Unhooped bucket 22.75 0
Bucket 32.25 -0.25
Knife 12.71 0
Ounce of steel 58 0
Unforged axe blade 70 0
Axe blade 123.13 0
Blunted axe 140.13 0
Hat 47.56 0
Man's shirt 107.2 5.08
Woman's shirt 83.44 0
Waistcoat 139.91 0
Pair of trousers 58.06 0
Mantle 269.98 0
Dress 202.5 0
Man's hose 43 0
Woman's hose 35.62 0
Pair of shoes 21.19 0
Pair of boots 63.75 0
Belt 37.06 0
Barrel 10.15 0
Pint of beer 0.64 0
Barrel of beer 66.29 0
Bottle of wine N/A N/A
Barrel of wine N/A N/A
Bag of hops 13.99 0
Bag of malt N/A N/A
Sword blade 131.56 0
Unsharpened sword 103.13 0
Sword 156.33 0
Shield 35.63 0
Playing cards 63.13 0
Cloak 147.69 0
Collar 57.25 0
Skirt 103.5 0
Tunic 195 0
Overalls 102.44 0
Corset 102.44 0
Rope belt 46 0
Headscarf 53.63 0
Helmet 138.75 0
Toque 47.99 0
Headdress 70.69 0
Poulaine 59.25 0
Cod 17.5 0
Conger eel 11.88 0
Sea bream 15.06 0
Herring 21.34 0
Whiting 18.44 0
Skate 16.38 0
Sole 17.38 0
Tuna 17.69 0
Turbot 18.28 0
Red mullet 18.5 0
Mullet 17.69 0
Scorpionfish N/A N/A
Salmon 18 0
Arctic char N/A N/A
Grayling 17.01 0
Pike 15.43 0
Catfish N/A N/A
Eel 16.81 0
Carp 13.75 0
Gudgeon 17.81 0
Trout 17.94 0
Pound of olives 11.88 0
Pound of grapes 6.61 0.05
Sack of barley 16.88 0
Half-hundred weight of goat carcasses N/A N/A
Bottle of goat's milk 12.81 0
Tapestry 107.19 0
Bottle of olive oil 126.25 0
Jar of agave nectar N/A N/A
Bushel of salt 24.81 0
Bar of clay 2.31 -1
Cask of Scotch whisky 93.75 0
Cask of Irish whiskey 98.75 0
Bottle of ewe's milk 14.07 0
Majolica vase N/A N/A
Porcelain plate N/A N/A
Ceramic tile N/A N/A
Parma ham 92.5 0
Bayonne ham 80.31 0
Iberian ham 79.5 0
Black Forest ham 81.25 0
Barrel of cider 79.06 0
Bourgogne wine 84.38 0
Bordeaux wine 60.63 0
Champagne wine 179.38 0
Toscana wine 75 0
Barrel of porto wine 88.75 0
Barrel of Tokaji 130 0
Rioja wine 108.44 0
Barrel of Retsina 90.63 0
Pot of yoghurt 79.69 0
Cow's milk cheese 75 0
Goat's milk cheese 115 0
Ewe's milk cheese 85.38 0
Anjou wine 40.31 0
Ewe carcass 14.35 0
Mast 434.66 0
Small sail 183.63 0
Large sail 939.58 0
Tumbler of pulque N/A N/A
Jar of pulque N/A N/A